Secretaria de Saúde recebeu R$79,8 milhões para o combate a Covid-19; mais da metade deste recurso foi destinado ao Hospital de Clínicas   

O Conselho de Saúde de Itajubá finalmente teve acesso aos dados financeiros referentes às receitas e despesas da Secretaria Municipal de Saúde no combate à COVID-19. Os dados compreendem os anos de 2020, 2021 e 2022, período em que a cidade recebeu um total de R$79,8 milhões para enfrentar a pandemia.

Segundo os dados fornecidos e aos quais a Itajubá FM teve acesso, foram recebidos R$29 milhões em 2020, R$42,5 milhões em 2021 e R$7,1 milhões em 2022, todos destinados exclusivamente ao combate à COVID-19.

As despesas, no entanto, superaram os valores recebidos. Em 2020, foram gastos R$23,3 milhões; em 2021, as despesas aumentaram para R$48 milhões; e, em 2022, os gastos somaram R$8,4 milhões.

Dentre os destinatários dos recursos, a AISI, mantenedora do Hospital de Clínicas de Itajubá (HCI), foi a maior beneficiária, recebendo mais da metade do valor total. O hospital recebeu R$47,7 milhões. 

Em contraste, a Santa Casa de Misericórdia recebeu um montante menor, R$20,4 milhões.

Com os números em mãos, o Conselho de Saúde de Itajubá poderá intensificar a fiscalização dos gastos públicos destinados ao combate à COVID-19. A cidade enfrentou um número elevado de casos e óbitos durante a pandemia, aumentando a urgência por transparência e responsabilidade fiscal.

Recentemente, o Conselho encontrou discrepâncias nos relatórios de gastos apresentados pela Secretaria de Saúde, especialmente no ano de 2023. Tais divergências levantam preocupações sobre a correta aplicação dos recursos públicos.

Durante a pandemia, a secretaria de saúde era comandada por Nilo Baracho, nos governos Rodrigo Riera e Christian Gonçalves. Em fevereiro, operações da Polícia Civil e do Ministério Público prenderam Baracho, funcionários da prefeitura, empresários e diretores do Hospital de Clínicas.

Segundo os promotores, Baracho recebia uma “mesada” de gestores do Hospital de Clínicas de Itajubá. A investigação aponta que entre o fim de 2016 e junho de 2023, foram desviados recursos públicos e particulares de R$1,4 milhão.

Já a polícia civil investigou um esquema de superfaturamento de serviços de manutenção da frota de veículos das Secretarias de Saúde, Educação e Obras.